Blog Educação Ambiental, Acessibilidade
e Inclusão Social

< Voltar

COP30 publica boletins de notícias em Guarani e Terena

Uma das principais ferramentas de inclusão social, digital e de participação política é o acesso à informação. Como prometido, a COP30 está proporcionando grande participação da comunidade indígena brasileira aos assuntos de interesse do evento. Um exemplo disso é a publicação no site do evento de boletins de notícias nas línguas Guarani e Terena.

Em parceria com a Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), do estado do Mato Grosso do Sul (MS), serão produzidos boletins de rádio em línguas indígenas, respectivamente guarani e terena, no escopo da COP30. O conteúdo, que será traduzido e gravado por colaboradores indígenas vinculados à Universidade, será divulgado nos canais oficiais da Conferência no Brasil e pela Agência Rádio GOV, da Empresa Brasil de Comunicação (EBC).

O país reconhece mais de 270 línguas indígenas vivas, algumas das quais também são faladas em outros territórios americanos. Ao incluir e valorizar essas línguas, fortalece-se não apenas a identidade cultural dessas comunidades, mas também o direito à comunicação e à informação em suas línguas maternas, um princípio garantido pela Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas.

“É muito importante dar visibilidade para que a língua alcance esses espaços. Trazendo informações também reforçamos a comunicação entre os jovens, pois a língua guarani é uma das mais faladas. Traduzir em línguas indígenas as informações, fortalece a identidade indígena que traz junto o conhecimento da nossa ancestralidade”, reforça Kelly Duarte Vera, indígena guarani que integra o time de tradução.

Jailson Joaquim, indígena terena, que também atua no projeto, vai ao encontro da colega ao destacar que a valorização de línguas indígenas em eventos internacionais contribui na preservação e revitalização desses idiomas, muitos dos quais estão em risco de extinção. “A tradução de conteúdo em terena, por exemplo, não só enriquece o evento com novas perspectivas, mas promove um compromisso com a justiça social e os direitos humanos, reconhecendo a sua importância, além de dar visibilidade a essas línguas no cenário mundial”, diz ele.

Em setembro, o Ministério dos Povos Indígenas anunciou o plano de comunicação da mídia indígena para a COP30. Uma carta contendo a estratégia do Coletivo Mídia para a cobertura da conferência foi publicada no site do governo. O documento foi apresentado no 1º Encontro de Comunicadores Indígenas, realizado em Belém-PA.

De acordo com o texto, mais do que registrar formalmente o que acontece dentro das salas de negociação do evento, a cobertura em si será um instrumento político e cultural para ecoar as vozes dos indígenas em múltiplos espaços da COP, ou seja, dentro das negociações oficiais, nas ações paralelas, nos territórios indígenas conectados virtualmente e na opinião pública nacional e internacional.

O objetivo central da cobertura colaborativa da Mídia Indígena na COP 30 é assegurar que os povos indígenas sejam reconhecidos e ouvidos como protagonistas das discussões climáticas globais, não apenas como participantes periféricos ou ‘consultados’ de forma simbólica. Para isso, a comunicação deve ser colaborativa, criativa e descentralizada, refletindo a diversidade de vozes, línguas, culturas e territórios que compõem o movimento indígena no Brasil, afirma a carta contendo o plano de comunicação.

Fontes: site do Ministério dos Povos Indígenas e Boletim de Rádio Cop30 Brasil

Foto: Rafael Medelima (COP30) divulgação

< Voltar