O Tapirus terrestris, que em tupi-guarani (tapiíra) significa boi da floresta ou anta, no vocabulário popular

A Anta é a maior espécie de mamífero brasileiro e a segunda da América do Sul. Esses animais mansos – que são um dos moradores ou visitantes mais ilustres do Parque Ecológico Imigrantes (PEI) -, de médio e grande porte, podem chegar a 2 metros de comprimento e pesarem até 300 quilos.

A presença da anta e sua preservação são de extrema importância para o PEI e para a Mata Atlântica, segundo o biólogo Bruno Barbanti. “As aparições ajudam a mostrar o grau de preservação da região. Isso quer dizer que o local está dando capacidade de vida para esses animais”, explica ele. Para se ter uma ideia, alguns exemplares foram vistos circulando sobre e embaixo das passarelas elevadas e os rastros, como pegadas, fezes e alimentos são encontrados com frequência no local.

Entre as curiosidades da espécie está o fato de os filhotes de antas nascerem com um porte grande, com mais ou menos 10 quilos, e com listras, diferente dos adultos. Após os oito meses, eles perdem as listras e ficam com a pele escura em tom entre o cinza e o marrom. Os filhotes acompanham a mãe durante 12 meses e depois seguem a vida de forma autônoma. Possuem dieta frugívora (folhas, fibras e frutos) e exercem um papel importante na dispersão de sementes, principalmente de palmeiras. Chegam a viver até 35 anos.

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Em se tratando de Mata Atlântica, a maior população dessas espécies está nas regiões próximas ao litoral, na chamada floresta ombrófila densa, que fica na divisa entre o planalto e a planície, e entre os estados de São Paulo e Paraná. Em biomas da Mata Atlântica de outras regiões do país a anta está quase extinta. Segundo especialistas, é necessário ter pelo menos 200 animais para se ter uma população viável. Com um número menor do que esse, a probabilidade dessa população definhar é grande.

O PEI ainda não possui um levantamento da população que vive na região. Segundo Barbanti, esses animais frequentavam as regiões mais ao fundo, que são áreas mais distantes da Rodovia dos Imigrantes e, portanto, mais preservadas. “Porém, com a criação do PEI e maior preservação da área, as antas estão vindo para a parte mais próxima das estruturas”.

Com status de ameaçada no bioma da Mata Atlântica e de vulnerável pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), a espécie sofre riscos de diminuição drástica da população por alguns fatores, entre eles:

> Conceber apenas um filhote por gestação, em um período de cerca de 14 meses;

> Maturidade sexual acontece por volta de 3 anos;

> A carne da anta é procurada para consumo humano, por isso sofre pressão de caça;

> Faz parte da cadeia alimentar de grandes felinos;
sofre com a fragmentação das florestas, pois vive em áreas de mata e na presença de fontes de água, entre outros fatores.

Com esse grau de ameaça devida à baixa população, nas próximas três gerações (cerca de 30 anos), se medidas não forem tomadas para melhorar a preservação, a população de antas pode ter uma queda de cerca de 50%, segundo alertam os especialistas.