Palmeira Juçara é preservada com segurança

Bela, imponente e cobiçada, a Palmeira Juçara (Euterpe Edulis, da família Arecaceae) é uma das árvores nativas da Mata Atlântica brasileira mais ameaçadas de extinção nas últimas décadas. Encontrada em abundância no Parque Ecológico Imigrantes (PEI), essa espécie tende a se expandir e a crescer em segurança na região após a criação do parque. Antes, era refém da ação predatória dos chamados “palmiteiros” que adentram a mata em busca do palmito − miolo comestível do tronco da Juçara − utilizado na culinária como acompanhamento em saladas ou cozido em algumas receitas.

A preservação da Palmeira Juçara está diretamente ligada à manutenção da biodiversidade da Mata Atlântica. A sua extração é proibida por lei. De acordo com José Odali Carlos Barbosa (53), funcionário do PEI, existem no local árvores que ultrapassam os 20 anos de idade. “O PEI está muito bem povoado da Palmeira Juçara. Antes do parque abrir, as pessoas não tinham muita consciência sobre a importância de preservar. Hoje, após um trabalho de conscientização nos bairros do entorno, ninguém entra mais na mata para retirar o palmito”, explica Barbosa.

Mas afinal, quais são os impactos ambientais da extração do Palmito Juçara? Os motivos que levaram à proibição são de extrema relevância. Cerca de 70 espécies animais dependem do seu fruto para sobreviver. Por frutificar no inverno, período em que a maioria das outras árvores está sob estresse hídrico, devido ao período seco, a espécie se torna fundamental para a alimentação dos animais.

Além disso, os frutos pequenos de cor preta, casca lisa e interior fibroso são ótima opção no cardápio dos tatus, catetos e capivaras. As sementes, por sua vez, atraem aves como tucanos, sabiás, periquitos, maritacas e jacus, que atuam como dispersores das sementes e auxiliam no aumento da população de palmeiras.

Estudos apontam para a diminuição em 30% da população da espécie em 60 anos. A Juçara começa a dar frutos somente após 10 anos de vida e demora entre 8 a 12 anos para produzir um palmito. “Se cortar o palmito, desaparecem os animais, como o tucano, o quati, o jacu e o esquilo. É importante não consumir esse produto. Se consumir, conferir se o produto carrega o selo de origem onde atesta que a produção do palmito foi ambientalmente correta”, acentua Barbosa.

Como alternativa, já se popularizou no país o cultivo e o comércio da Bactris Gasipaes, a Pupunheira, que produz o Palmito Pupunha. O fruto possui sabor similar à juçara e valores nutricionais parecidos. Mas o mais importante está no fato de que, diferente do Juçara, a Pupunha quando tem o palmito da planta extraído a planta volta a crescer.

A produção e comercialização clandestina do Palmito Juçara, além de crime ambiental, podem oferecer riscos à saúde, já que o palmito, se preparado sem condições básicas de higiene, pode causar a doença conhecida como botulismo, que provoca o comprometimento progressivo do sistema nervoso e paralisia dos músculos respiratórios, o que pode ser fatal.

Para tentar coibir esse tipo de prática, órgãos governamentais e associações de produtores, agricultores e comerciantes buscam aprimorar as políticas de gestão, fiscalização ambiental e licenciamento; e lutam na incorporação de novas medidas de controle do Documento de Origem Florestal (DOF) no processo de licenciamento ambiental e na produção.

Hoje, existem iniciativas da sociedade com propostas de repovoamento e pesquisas para a promoção da restauração da Palmeira Juçara em unidades de conservação; planos para retirar o palmito da extinção; avaliação da conversão de multas em projetos de restauração e repovoamento, fomento a linhas de pesquisas relacionados ao tema de conservação, biodiversidade e formação de corredores.