O Cambuci, fruta da família das Mirtáceas é uma das mais famosas frutas nativas da Mata Atlântica

Não deixe de avistar em sua visita ao Parque Ecológico Imigrantes (PEI), logo no final do arco que serve de entrada para a Trilha Sensorial, alguns exemplares de uma fruta arredonda, parecida, no formato, com a pimenta chapéu-de-frade, verde e com manchas amareladas. Trata-se do Cambuci, fruta da família das Mirtáceas (Campomanesia phaea), uma das mais famosas frutas nativas da Mata Atlântica. Dá nome a um bairro de São Paulo, onde era abundante, e, em tupi-guarani, se fala “kãmu-si” ou “pote d’água”.

A popularidade, uso e conhecimento sobre o Cambuci aos poucos foi desaparecendo quase que em compasso com a Mata Atlântica. Hoje em dia, muito pouco se fala ou se aproveita das formas de consumo da fruta. Ela faz parte do catálogo de espécies ameaçadas de extinção da União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN).

O Cambuci gosta de regiões com temperaturas amenas e se dá bem na região próxima à Serra do Mar, onde fica o PEI. Tem o gosto parecido com o limão e possui aroma cítrico e adocicado. Antes dos frutos, a árvore apresenta flores brancas. Ela pode chegar a cinco metros de altura e produzir cerca de duzentos quilos de fruta por ano.

De acordo com Gabriel Menezes, presidente do Instituto Auá, entidade que promove a Rota do Cambuci, um ciclo de feiras gastronômicas e incentivo à produção sustentável na região da Serra do Mar, em São Paulo, “a infusão do Cambuci na cachaça é a tradição mais popular do uso da fruta. Porém, de uns 10 anos para cá, começaram novas formas de beneficiamento, como na produção da geleia, suco, chás, bolos, salgados, licores, vinhos frisantes, molho para saladas e carnes, biscoitos e salgados. São mais de 450 itens produzidos hoje”.

Com importante valor para história e memória de São Paulo, a fruta fez parte da dieta das tribos indígenas e dos primeiros exploradores europeus. E foi apreciada por Bandeirantes, Tropeiros e pela população que ajudou a construir as cidades do litoral, grande São Paulo e interior. Hoje, é uma importante fonte de renda para pequenos produtores que vivem próximos de regiões remanescentes da Mata Atlântica.

“O cultivo sustentável do Cambuci vem eliminando o extrativismo e ajudando a preservar a floresta. Isso ajuda a trazer riqueza para a região e a manter os recursos naturais conservados; além de valorizar os produtores”, explica Menezes. Segundo ele, o trabalho consiste em criar uma referência em modelo sustentável agrícola. Com isso, o fruto vem ganhando uma nova cara, com embalagem padronizada e indústrias que beneficiam a polpa e fornecem para restaurantes o extrato seco ou líquido. E o PEI vem ajudando, mais uma vez, a preservar essa fruta.