UM DOS DESAFIOS PARA OS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO DAS REDES PÚBLICA E PRIVADA É A EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Nesse contexto o Parque Ecológico Imigrantes, local concebido para ser, entre outras propostas, um espaço de estudo e reflexão sobre sustentabilidade, proteção e conservação da Mata Atlântica apoia o desenvolvimento pedagógico como extensão das aulas teóricas.

Contra a cultura do consumo sem medida, o ato de educar precisa hoje formar pessoas dispostas a colocar em prática um modo de vida voltado à preservação e o reaproveitamento dos recursos disponíveis. Nesse contexto, o PEI está disponível para que escolas, professores, crianças e adolescentes consigam vivenciar na Mata Atlântica a importância dos preceitos da educação ambiental como forma de gerar efeitos importantes no futuro.

Temas relacionados ao meio ambiente são abordados por diferentes disciplinas e em atividades interdisciplinares, o que muitas vezes pode estimular a sensibilidade dos alunos. A história natural e os processos pelos quais a natureza passou por transformações ao longo do tempo, mudanças territoriais, relevos, tipos de vegetação ajudam os alunos a entenderem como chegamos ao estágio natural no momento.

Segundo Adília Torres Cristófaro, pedagoga com longa carreira no ensino fundamental e médio, a consciência começa com a abordagem em sala de aula de questões próximas ao cotidiano dos alunos, pois a lógica da educação ambiental faz sentido quando o professor relaciona o papel de bala jogado no chão à possibilidade de ele estar amanhã dentro do rio ou poluindo uma floresta. “Para as grandes causas e ações ambientais, como despoluir um rio, como o Tietê, uma floresta ou uma praia, parecemos impotentes, mas para ações pequenas e próximas do cotidiano temos que mostrar aos jovens como é necessário contribuir com a preservação”, afirma ela.

No caso da Mata Atlântica – onde se encontra o Parque Ecológico Imigrantes (PEI) -, segundo o professor de história Jair Messias Ferreira Junior, é possível trabalhar a importância da floresta para as populações que viviam no Brasil antes do chamado “descobrimento” e a origem de nomes como capivara, tamanduá, pitanga, Guarapiranga, Paranapiacaba, entre outros.

O desenvolvimento tecnológico que impulsionou o desmatamento da Mata Atlântica, de acordo com Ferreira, é outro aspecto importante. Na pré-história, as populações indígenas usavam o fogo e machados de madeira e pedra para derrubar a mata, com a chegada dos europeus passou-se a utilizar lâminas de metal, o que favoreceu o aumento do desmatamento. Na década de 20, com a invenção da motosserra, e na de 30, com o uso de tratores, a derrubada da floresta ocorre de forma muito mais rápida. Esses processos de avanços tecnológicos se ligam diretamente ao aumento da exploração e diminuição da mata.

Além disso, os ciclos econômicos do Brasil com as culturas da cana-de-açúcar, café e desenvolvimento das ferrovias (muita madeira usada como lenha), na expansão para o oeste, contribuíram com a destruição da Mata Atlântica no país e no estado de São Paulo; além da construção das rodovias que dão acesso ao litoral.

“Tudo depende dos objetivos definidos pelo professor em sala de aula para poder explorar os conteúdos em um dia de campo produtivo, em um parque como o PEI”. Sem traçar os objetivos claros antes de realizar a visita, a iniciativa pode se tornar somente um passeio, explica a bióloga Carolina Adriane Bento, que participa de atividades de campo com crianças e jovens do ensino fundamental e ensino médio.

Em uma das atividades com o tema “Mudanças Climáticas Globais”, realizada na Ilha Anchieta, em Ubatuba, “distribuímos ao longo da trilha pacotinhos de informações com características da região. E conforme os grupos de alunos iam achando os pacotes tinham que montar uma história que abordava os impactos ambientais do local e a ligação com as mudanças climáticas. A dinâmica criada se mostrou importante para a interação entre os alunos, o local e o tema”, salienta Bento.

Quanto à disciplina de geografia, a professora Vaneusa Maria Rodrigues explica que é no ensino fundamental que os jovens recebem os conceitos básicos de educação ambiental e, no ensino médio ou técnico, essas matérias são trabalhadas de forma mais intensa. “O dia de campo em parques e florestas faz toda a diferença, pois o contato visual aumenta o envolvimento dos alunos. Nessas visitas, abordamos temas sobre o desmatamento da Mata Atlântica, o que restou dessa vegetação e qual a função ambiental dentro da realidade urbana e rural”.

Questões de legislação ambiental como unidades de conservação, código florestal, demarcação de terras indígenas vêm evoluindo no país e são importantes na disciplina de geografia, afirma Rodrigues. Outros assuntos como os tipos de Mata Atlântica, por exemplo, a floresta ombrófila densa onde está situado o PEI, que são áreas próximas ao oceano e que indicam uma vegetação de mata de grande porte e com matas mais antigas, são explorados com os alunos.

A educação ambiental de crianças e adolescentes é fundamental, pois acontece no momento em que o ser humano está formando as capacidades intelectuais, declara biólogo do PEI, Bruno Barbanti. “O homem só preserva aquilo que conhece e começa a dar importância quando tem a possibilidade de questionar. O contato com a natureza, nesse sentido, é muito importante”.