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O papel do PEI como catalisador da pesquisa científica

O Parque Ecológico Imigrantes (PEI) recebeu a visita do professor e pesquisador Michael Poulsen, referência internacional nos estudos sobre simbioses microbianas entre insetos e fungos. Titular no Departamento de Biologia da Universidade de Copenhague, na Dinamarca, Poulsen esteve pela primeira vez na Mata Atlântica, onde realizou uma extensa incursão científica para conhecer de perto como essas interações se manifestam nesse bioma de alta biodiversidade.

Durante uma caminhada de cerca de três horas pelas trilhas do parque, o pesquisador foi acompanhado pelas professoras Michelle Manfrini Morais e Lívia Soman de Medeiros, além dos alunos Amine Armando El Orra, de iniciação científica, e Giordanno Di Gioia, doutorando – todos vinculados ao à Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), campus Diadema.

Encantado com a riqueza da Mata Atlântica, Poulsen destacou que compreender as interações microbianas entre insetos e fungos é essencial para entender os fatores que influenciam a biologia das espécies envolvidas. “Se sabemos disso, também podemos entender melhor os ecossistemas em que vivem e como dependem uns dos outros. Isso é importante para a estabilidade do ecossistema, para os organismos individuais, para as comunidades de espécies e também para todo o ecossistema”, afirmou.

Segundo o pesquisador, os microrganismos desempenham funções ecológicas fundamentais, como a degradação de folhas e madeira, liberando nutrientes que alimentam árvores, arbustos e outras plantas. Além disso, as interações simbióticas entre microrganismos e seus hospedeiros — sejam plantas ou animais — são cruciais para o equilíbrio ecológico. “Eles trocam benefícios. Os microrganismos oferecem funções das quais plantas e animais se beneficiam e, em troca, recebem algo de seus hospedeiros”, explicou.

Ao proporcionar um espaço protegido, preservado e seguro o PEI se consolida como um importante facilitador de projetos de pesquisa científica. É no parque que os pesquisadores encontram os recursos necessários, realizando coletas dos materiais biológicos que posteriormente seguem para análise em laboratório. “O PEI é a nossa fonte de recursos, de onde levamos os materiais para o laboratório para desenvolver os testes. O fortalecimento da parceria entre a universidade e o parque tem possibilitado avanços significativos, entre eles a realização de  incursões na mata e a vinda de um pesquisador internacional”, destaca a professora Michelle.

A riqueza de recursos naturais da Mata Atlântica é destacada também pela professora Medeiros. “No meu caso, por exemplo, que estudo os microrganismos, bactérias e fungos, associados a essa biodiversidade, seja das plantas ou dos insetos, o parque se torna um grande fomento. Algo muito importante. Ou seja, sem toda essa diversidade não existiria a nossa pesquisa”.

Os microrganismos são importantes tanto no solo quanto na degradação de folhas e madeira, pois liberam nutrientes que voltam para alimentar as árvores, arbustos e outras plantas. Essa é uma função ecológica fundamental, explicam os pesquisadores.

No PEI há ótimas oportunidades para estudar a coevolução e a simbiose entre insetos e fungos, ressalta Poulsen. “Sabemos que essas associações são muito comuns e importantes. Alguns trabalhos preliminares já mostraram que existem associações específicas importantes para os organismos envolvidos, como entre cupins e fungos, que ajudam a protegê-los contra infecções”.

Uma associação muito antiga e crucial para todas as florestas do mundo entre plantas e fungos é a micorriza. Quase todas as plantas têm essa simbiose com fungos de determinados gêneros, dos quais dependem para obter nutrientes do solo. “Ao entendermos melhor esse processo, podemos também proteger melhor as florestas e garantir que planos de manejo considerem não apenas os organismos visíveis, mas também os microrganismos invisíveis”, alerta Poulsen.

Pesquisas em andamento e perspectivas futuras

O aluno de doutorado Giordanno Di Gioia está investigando a relação entre fungos filamentosos e colônias de uma espécie de cupim encontrada no PEI. Durante sua pesquisa de mestrado, ele conseguiu isolar fungos, incluindo algumas espécies inéditas  presentes no parque, o que contribui para o aprofundamento dos estudos sobre essas associações.

Já a estudante de iniciação científica Amine Armando El Orra, que pesquisa interações entre formigas e cupins, destacou a relevância da experiência de campo. “Acho sensacional estar aqui no parque e ter essa oportunidade de fazer esses estudos. O contato com a natureza é bastante eficaz para a vida acadêmica.”

Ao ampliar o trabalho nessa área os professores e alunos podem expandir colaborações e pesquisas para entender melhor essas associações e também verificar se essas espécies realmente coevoluem, ou seja, se evoluem em resposta umas às outras.

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