
A importância do PEI para o planeta
Quem olha a beleza do verde da floresta do Parque Ecológico Imigrantes pelas imagens de satélite atuais não consegue imaginar que na década de 70 cerca de 36% da região havia sido desmatada. Ou seja, havia ali um clarão sem floresta de 174 mil m² causado pela destruição humana. Mas se a história da devastação da Mata Atlântica é uma das mais tristes do Brasil, as páginas que a Fundação Kunito Miyasaka procurou escrever a partir do ano 2000, quando assumiu a propriedade da área e em 2018 criou o parque, representam esperança e cuidado com as futuras gerações para que possam desfrutar dos serviços ambientais da floresta. Entre eles, e talvez o mais importante, é o sequestro de carbono de uma vegetação em pleno crescimento.
- 1962 – Planta Ambiental de Localização – Instituto Agronômico Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo – Aerofoto Natividade
- 1972 – Planta Ambiental de Localização – Instituto Agronômico Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo – Aerofoto Natividade
A restauração florestal, como vem ocorrendo no caso do PEI, pode alcançar benefícios ainda maiores que os de florestas adultas quando o assunto é a retirada de carbono da atmosfera. Embora os cálculos sejam diferentes para cada ecossistema, na média, se considerada a Mata Atlântica, cada hectare de floresta restaurada sequestra cerca de 18 toneladas de gás carbônico – quantidade que chega a ser 20 vezes maior do que a obtida pela floresta já estabelecida.
Nesse sentido, as ações para diminuir as emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) foram um dos principais temas debatidos por representantes das nações do mundo inteiro durante a 26ª Conferência das Nações Unidas sobre o Clima (COP26). E áreas como as do parque ganham relevância internacional como ferramenta para que governos e empresas constituam parcerias de apoio a esses locais para que consigam cumprir as metas para diminuição do aquecimento global.
- 1981 – Planta Ambiental de Localização – Instituto Agronômico Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo – Aerofoto Natividade
- 2002 – Planta Ambiental de Localização – Instituto Agronômico Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo – Aerofoto Natividade
A boa notícia é que a COP26 avançou nos acordos de financiamento da transição para a economia de baixo carbono. Alguns acordos devem ditar o fluxo do capital para a agenda da economia verde nos próximos anos. Entre eles, a criação de um fundo de US$ 1,7 bilhão para povos indígenas, outro de US$ 12 bilhões em recursos públicos e mais US$ 7,2 bilhões em recursos privados até 2025 para conter a destruição das florestas.
Em meio a esse cenário, o Brasil que se comprometeu no Acordo de Paris, em 2015, a recuperar 12 milhões de hectares de florestas até 2030, com a redução de 43% na emissão dos gases de efeito estufa, avançou no caminho contrário. Já que o desmatamento no país cresceu 13,6%, em 2020, com relação a 2019, segundo dados do sistema MapBiomas Alerta.
Em contrapartida, as boas iniciativas como as do PEI não param de surgir. Desde 2000 a Fundação Kunito Miyasaka vem investindo no restauro da vegetação e conseguiu atingir o reflorestamento de 100% da área.
Uma luta contra um passado da região que pode ser considerado um clássico exemplo de como o homem tratava o meio ambiente até a década de 70. Onde o panorama só começa a mudar após a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, realizada em 1972, em Estocolmo, na Suécia. O evento é reconhecido como o marco do início da ideia de equilíbrio entre o desenvolvimento econômico e a redução da degradação ambiental, que deu origem ao termo sustentabilidade.
A Mata Atlântica foi “uma floresta de um milhão de km2 reduzida a vestígios” afirmou o historiador norte-americano, considerado um brasilianista, Warren Dean, no livro A ferro e Fogo – A história da devastação da Mata Atlântica Brasileira. Segundo o autor, cada novo ciclo econômico do país representava um marco de devastação da floresta, além da retirada da madeira para, entre outras coisas, servir de carvão para as indústrias que nasciam em São Paulo e na região Metropolitana. Os novos tempos, porém, mostram que os ciclos dessa lógica predatória humana precisam mudar para o bem da própria humanidade.
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