Árvores buscam áreas mais altas para fugir do calor
Foto: Themium / Share Alike
Um estudo publicado no Journal of Vegetation Science, coordenado pelo pesquisador Antonio Gazol e que contou com a participação do ecólogo brasileiro, Rodrigo Bergamin, da Universidade de Birmingham, no Reino Unido, apontou que estão ocorrendo mudanças de elevação na composição da comunidade arbórea na Mata Atlântica brasileira, relacionada às mudanças climáticas.
Ou seja, uma quantidade significativa de espécies de árvores está buscando regiões mais elevadas em busca de áreas com temperaturas mais amenas. E as espécies que vivem nas planícies estão procurando áreas mais baixas para fugir do calor.
Os pesquisadores usaram como método afiliações térmicas de 627 espécies de árvores para calcular pontuações de temperatura da comunidade (CTS) para diferentes estágios de história de vida de árvores em 96 parcelas permanentes. Compararam as CTS de diferentes estágios de história de vida ao longo do espaço e do tempo.
Como resultado, eles identificaram que 27% das comunidades de árvores mostraram migração ascendente e 15% migração descendente. A migração ascendente foi mais comum em florestas montanhosas e a migração descendente em florestas de planície. A análise temporal da pesquisa mostra mudanças significativas nos valores de CTS para comunidades juvenis com diminuição de 0,36 °C em florestas de planície e aumento de 0,34 °C em florestas montanhosas.
A conclusão é que as descobertas fornecem a primeira evidência de mudanças comunitárias induzidas por mudanças climáticas na Mata Atlântica brasileira. Demonstra que tendências de migração ascendente foram predominantemente observadas em florestas montanhosas-altas, enquanto migrações descendentes foram observadas em florestas de terras baixas-submontanas. A termofilização de florestas montanhosas pode sugerir um risco aumentado de redução para espécies exigentes em frio em cenários de mudanças climáticas.
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