
Em três anos, pesquisadores realizam mais de 100 incursões ao Parque Ecológico Imigrantes
Trabalhar com ciência no Brasil não é uma tarefa fácil, mas o Parque Ecológico Imigrantes – PEI e a Universidade Federal de São Paulo – Unifesp, campus Diadema, têm feito grandes avanços. Desde 2020, quando se iniciou a parceria com Instituto de Ciências Ambientais, Químicas e Farmacêuticas da Unifesp (ICAQF), os pesquisadores realizaram mais de 100 incursões na região do parque, muitas delas no período noturno. Esse processo, além de ser importante para o avanço da ciência, ajuda o parque a conhecer melhor os elementos naturais presentes na sua área de Mata Atlântica.
De acordo com a professora doutora, Fabiana Casarin, o fato de alunos e professores terem um local seguro, com infraestrutura de apoio para as pesquisas de campo, traz para a universidade a possibilidade de muitos projetos e um retorno científico importante. “Nas incursões na mata temos a possibilidade de melhorar o conhecimento sobre a fauna e a flora e encontrar novas espécies. Em um contexto de evasão de pesquisadores do país, por falta de apoio, a parceria com o PEI e a Fundação Kunito Miyasaka é de extrema importância”.
Para o biólogo e supervisor operacional do PEI, Davi Costa, parcerias com universidades têm o objetivo de ampliar o entendimento sobre a fauna e a flora do entorno, por meio das pesquisas de campo. Assim, os conhecimentos apurados se tornam ferramentas para os educadores ambientais do parque, que podem ensinar com base nas pesquisas sólidas produzidas respeitando o método científico”, ressalta.
Ao todo, nos 3 anos de parceria, 13 trabalhos científicos utilizaram as instalações do parque para a realização de atividades científicas variadas. A coordenação e realização dos estudos envolveu sete professores, Fabiana Casarin; Michelle Manfrini; Cinthia Brasileiro Morais; Cibele Bragagnolo; Suzan Pantarotto; Livia Soman; e Thomas Püttker.
As pesquisas abordaram os seguintes temas: “Efeito da poluição sonora na comunidade de anfíbios do PEI”, “Influência da qualidade da mata na diversidade de aranhas em uma região de Mata Atlântica da região Sudeste do Brasil”, “Diversidade de Opiliões no PEI”, “Distribuição de insetos alados em função de estágios sucessionais de floresta” e “Compostos isolados de actinobactérias associados a espécies de abelhas sem ferrão do gênero Melipona”.
Os experimentos realizados no PEI foram feitos por 15 alunos que coletaram dados para compor trabalhos de Iniciação Científica – Conclusão de Curso e teses de Mestrado. Muitos deles com apoio de bolsas de estudos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Durante as incursões, foram realizadas coletas de aranhas, anfíbios, entomofauna da serrapilheira e insetos aéreos.
É o PEI abrindo as portas da Mata Atlântica para a ciência brasileira, proporcionado um local seguro e com infraestrutura para que os cientistas possam fazer o seu trabalho. O conhecimento gerado pelos estudos ajuda a atualizar o conteúdo ministrado pelos monitores durante as visitas, no processo de educação ambiental que se retroalimenta desse material produzido pelos pesquisadores. Além disso, colocam o nome do parque em elevado patamar por meio das citações em publicações. Esse processo, ao longo dos anos, ganhará representatividade perante à comunidade científica e fará do PEI uma referência para institutos e órgãos de fomento à ciência.
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