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A Covid-19 veio dos morcegos?

Existem pesquisas e um debate global feito pela comunidade científica para tentar determinar a origem do vírus 2019-nCoV, batizado de SARS-CoV-2, que causou uma pandemia e a morte de milhares de pessoas pelo mundo devido à Covid-19.  A principal hipótese, segundo os pesquisadores, é a de que o vírus tenha sido originado no trato respiratório de morcegos na China, sofrido uma mutação genética e, assim, contaminado seres humanos.

Nessa questão − uma polêmica de política internacional − é necessário deixar claro ainda a inexistência da comprovação da hipótese e que os especialistas trabalham com outras possibilidades para o surgimento da pandemia. Nesse sentido, o papel do PEI é trazer o assunto e tentar contribuir com a quebra de mitos, preconceitos e conclusões equivocadas feitas sem considerar os processos e as metodologias do universo científico.

O primeiro ponto é procurar entender o papel dos morcegos nas transmissões. Os animais não são os responsáveis pela disseminação do vírus e a causa do contágio ocorre geralmente quando o ser humano invade os espaços naturais da espécie, algo cada vez mais comum à medida que aumenta a população e a urbanização. Outro aspecto acontece quando esses animais são caçados, para servir de alimento ou para serem comercializados, como pode ter acontecido em Wuhan, na China.

Um reservatório natural de diferentes cepas de coronavírus e de outros vírus, como raiva e Marburg, Nipah e Hendra, que geraram surtos na África, Malásia, Bangladesh e Austrália, os morcegos possuem uma tolerância a vírus que excede a de outros mamíferos. Uma das hipóteses pontuadas por pesquisadores do por que esses animais serem invadidos por patógenos está na dieta deles, que consiste em insetos transmissores de doenças.

Os morcegos na Mata Atlântica, onde está localizado o PEI, representam cerca de 64% do total de espécies de quirópteros do Brasil. Esses animais – os únicos mamíferos capazes de voar – já haviam sido a origem comprovada de outras epidemias de coronavírus na Ásia e Oriente Médio. No início deste século, eles foram a causa da transmissão da síndrome respiratória aguda grave, mais conhecida como Sars, que infectou mais de 8 mil pessoas, das quais cerca de 800 morreram; e da Síndrome Respiratória Mers, que afetou menos pessoas (cerca de 2,5 mil), mas foi mais letal, causando a morte de mais de 850 pessoas.

Quanto ao covid-19, as autoridades chinesas acreditam que ela se originou em um mercado de Wuhan que vendia frutos do mar e carne de animais selvagens, incluindo morcegos e víboras. O consumo da carne desses animais em algumas regiões da Ásia é comum há séculos, se tornou um traço cultural e tem origem em períodos em que a população teve grande privação de alimentos por fenômenos climáticos ou em meio às guerras. Especialistas apontam que o contágio tem maior probabilidade de acontecer no trato desses animais em fazendas de criação e abate; e não no consumo do alimento.

Pesquisadores norte-americanos e chineses se uniram e coletaram mais de 750 amostras de saliva e fezes de morcegos. Os resultados — publicados no último dia 9 de abril no periódico científico Plos One — revelaram seis tipos de coronavírus nunca antes identificados. Os cientistas estimam que centenas de coronavírus, muitos ainda a serem descobertos, existam nesses mamíferos voadores.

Políticas de contenção e esclarecimento da população do mundo inteiro sobre os riscos de disseminação viral em práticas de criação em cativeiro de morcegos e outros animais que se mostram hospedeiros de patógenos se tornaram decisivas para a sobrevivência da espécie humana. Além disso, a preservação e conservação dos locais onde esses animais vivem se tornam imperativas para o equilíbrio homem e meio ambiente.

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