
A influência da qualidade da mata do PEI na comunidade de aranhas
Foto: Rogério Bertani
Tornar-se uma referência em pesquisa e difusão científica sobre a biodiversidade da Mata Atlântica é uma das metas do PEI. A parceria com a Unifesp, Campus Diadema, tem se intensificado e professores e alunos voltam a frequentar o parque após o relaxamento das medidas sanitárias devido à pandemia. Confira a entrevista com a equipe de pesquisadores que fará incursões no local para estudar a influência da qualidade da mata na comunidade de aranhas.
Qual será a metodologia científica utilizada para esse estudo?
As coletas serão realizadas durante o início da noite e vamos examinar oito áreas no total. Quatro áreas de crescimento secundário, que é quando a mata sofreu algum tipo de perturbação no passado, como desmatamento, mas já teve um certo tempo para se regenerar. E quatro áreas de mata madura, que são espaços nunca perturbados ou que já se recuperaram totalmente. Nestas áreas vamos coletar ao longo de oito noites, com três coletores em três áreas de 30 x 10m durante uma hora, afastados a pelo menos 50 metros das bordas da mata e a 30 metros de distância uns dos outros. As aranhas coletadas serão conservadas em álcool 70% para serem levadas até o laboratório e posteriormente examinadas.
Quais as ferramentas e equipamentos a serem utilizados para a coleta e manipulação dos indivíduos nas ações de campo?
Antes de mais nada, para poder entrar nas trilhas à noite, usaremos trajes para nossa proteção, ou seja, calças, perneiras e botas. Além disso, utilizaremos lanternas de cabeça para poder ter iluminação e manter as mãos livres. Para a coleta dos aracnídeos, utilizaremos pinças com tamanho variando de acordo com as aranhas que encontrarmos em campo; e potes de plástico com álcool 70% para podermos colocar os animais que coletarmos.
Quais são as principais hipóteses levantadas pelo grupo sobre os aspectos biológicos dos aracnídeos no PEI?
A principal hipótese é que a diversidade, medida pela riqueza, abundância e composição da comunidade de aranhas, estará relacionada à qualidade da vegetação do parque, representada por sua vez pelas áreas de vegetação contínua secundária e madura. Apesar de não esperarmos encontrar diferenças na riqueza e abundância de aranhas de diferentes guildas na floresta madura e secundária, uma vez que a estrutura da vegetação parece ser um fator muito importante para a manutenção da riqueza e abundância das aranhas. Do ponto de vista da estrutura da vegetação, tanto a floresta secundária quanto a floresta madura podem fornecer subsídios diferentes, porém igualmente importantes para a presença e manutenção da diversidade de aranhas. Sendo assim, esperamos encontrar mudanças significativas na composição da comunidade de aranhas nas duas categorias de mata que serão analisadas.
Temos presenciado eventos climáticos extremos nos últimos anos, como a seca atual. Esse aspecto será levado em consideração na avaliação dos impactos nas comunidades de aranhas do PEI?
Certamente. Toda variação climática, desde chuvas até o vento são fatores que afetam muito a diversidade, principalmente aranhas de teia. Chuvas torrenciais fora de época podem comprometer o acasalamento e os filhotes, assim como secas extremas e prolongadas. Tudo isso deve ser levado em conta quando se trabalha com diversidade.
Com relação à diversidade, o que os pesquisadores já sabem sobre as espécies que ocorrem no local e o que esperam encontrar?
Como nenhum trabalho com aracnídeos foi realizado na área do parque até hoje não sabemos quais espécies de aranhas ocorrem lá. Porém, por ser uma área de Mata Atlântica, esperamos encontrar espécies comuns deste bioma, como Triconephila, Phoneutria nigriventer, que é a famosa Armadeira; aranhas da família das Theraphosidae, que são as caranguejeiras; espécies da família Araneidae, que são as aranhas de teia orbiculares, que fazem aquelas teias típica de desenho; aranhas da família Lycosidae, que também são conhecidas como aranha lobo; entre outras espécies da enorme diversidade da Mata atlântica
Qual o tempo de duração da pesquisa? Qual a importância desse período no resultado do experimento?
Espera-se que as coletas sejam todas realizadas entre dezembro e fevereiro, que é o período do verão mais propício para coletas de aranhas da Mata Atlântica. É nesse intervalo de tempo que, além do clima quente e úmido, favorável à coleta de aracnídeos, podemos conseguir encontrar o maior número de aranhas adultas. Quando se trabalha com diversidade é importante conseguir chegar o mais próximo da identificação específica e com aranhas imaturas, isto é praticamente impossível, pois muitas das estruturas importantes ainda não estão desenvolvidas, como os órgãos genitais. Desta forma, é importante priorizar as coletas neste período do ano.
Equipe de pesquisadores Unifesp – campus Diadema
Equipe de Professores Doutores: Cibele Bragagnolo, Fabiana Elaine Casarin dos Santos e André do Amaral Nogueira.
Mestrandos: Stefan Ribeiro Dias Graduados e Ezio Aquino de Oliveira.
Graduandos: Juliana Abud Quagliano e Luana Camargo Matos
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