“Boitatá”, guardião contra a destruição das florestas brasileiras
Ilustração vgr
No folclore brasileiro existem vários personagens que protegem a floresta e que ajudaram a criar narrativas que misturam fatos reais aos imaginários, histórias e fantasias. Uma das lendas, que predomina na Mata Atlântica, conta que existe uma serpente na floresta que se transforma em um tronco de fogo. Essa grande cobra protege as florestas contra as pessoas que desejam destruir as florestas e os campos. Quem olhar para o Boitatá ficará cego e louco.
Dizem que o Boitatá tem vários olhos, dos quais saem chamas e isso acontece porque ele já comeu a pupila de muitos animais. A história tem origem nas tradições orais dos povos indígenas mas, também, é resultado da mistura com outros universos do folclore afro-brasileiro e europeu, principalmente vindos da península ibérica.
O primeiro registro que se tem do Boitatá é de 31 de maio de 1560, em um relato escrito pelo padre jesuíta José de Anchieta. Na sua menção, Anchieta relata um fantasma que os índios chamavam baetatá, definindo-o como um “facho cintilante” que os matava, assim como era do feitio dos curupiras.
Na tradução dada por Anchieta, baetatá significa “coisa de fogo”, palavra essa formada da junção do tupi: mbai, que significa “coisa”, e tatá, que significa “fogo”.
Uma das razões para o surgimento da lenda seria a necessidade de explicar o fenômeno natural chamado de fogo-fátuo (do latim i̅gnis fatuus), também conhecido como fogo tolo ou fogo corredor.
Trata-se de um fenômeno natural que consiste na combustão espontânea de gases inflamáveis, como o metano, que se libertam quando corpos orgânicos entram em decomposição. Ele pode ser observado em pântanos, brejos, cemitérios e lagos e é caracterizado por uma chama azulada de 2 a 3 metros de altura.
No PEI o Boitatá ainda não foi visto, muito provavelmente porque a serpente sabe que o parque é um amigo e guardião dos animais e da floresta. Mas ela poderia muito bem aparecer em muitas outras regiões do país onde o homem tem causado muito mal para a natureza, fazendo queimadas e traficando espécies de fauna silvestre.
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