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Mata Atlântica é tema de exposição na França

Uma exposição de imagens fotográficas sobre a fauna e a flora da Mata Atlântica esta sendo preparada pelo fotógrafo e explorador francês, Benoit Chartrer. Morador de uma região próxima a Paris, Chartrer é um apaixonado pela floresta Atlântica e é um dos idealizadores do site FishNews, uma plataforma de notícias e informações ictiológicas, ou seja, que tratam sobre peixes e animais e ecossistemas aquáticos. Em visita ao Brasil o fotógrafo esteve em alguns parques e biomas da Mata Atlântica do litoral de São Paulo e Paraná.

Acompanhamos a visita de Chartrer ao PEI e aproveitamos para entrevistá-lo. Confira o que ele nos contou sobre como surgiu o seu encanto pela floresta e como está sendo o processo de montagem da exposição:

Como surgiu o seu interesse pela Mata Atlântica?

Durante minhas viagens desenvolvi um interesse crescente pela natureza, em particular, por ecossistemas com biodiversidade rica e autêntica. Com o tempo, aprendi a ver cada um deles como um ser complexo, como um mundo sutil e frágil, cada um com suas próprias características. Descobri a Mata Atlântica em 2017, enquanto viajava. Os primeiros momentos nesta floresta foram um choque real para mim. Até então, eu só tinha viajado pela natureza europeia.

Lembro-me de não conseguir dormir. Assim que o sol apareceu, fui chamado por esse ecossistema para explorar… Pelos cantos dos pássaros, coaxar dos sapos, cheiros…

De modo geral, qual a visão que os franceses têm da Mata Atlântica? 

Na França, todos conhecem a Amazônia, sua riqueza e seus problemas de desmatamento. A Mata Atlântica é invisível por lá, é uma floresta esquecida, como também há muito tempo é no Brasil. Os turistas que visitam o Rio de Janeiro ou as Cataratas do Iguaçu não conhecem a riqueza biológica que os cerca. Às vezes, eles retornam à França sem saber que macacos, papagaios ou tucanos estavam lá, a poucos metros de distância, durante a viagem. 

Quais são os objetivos em se criar um acervo de registros fotográficos da Mata Atlântica na França? 

Primeiro, meu objetivo é conscientizar os franceses dessa floresta. Quanto mais as pessoas estiverem conscientes, mais elas querem que isso aconteça ano após ano. Talvez elas possam ajudar associações ou simplesmente vir e descobrir as estruturas do turismo sustentável. Também quero mostrar aos nossos jovens a riqueza e a fragilidade dos complexos ecossistemas primários que desapareceram completamente por aqui.

Na França, as florestas atuais são parques, com um número limitado de espécies vegetais ou áreas de manejo sustentável da madeira. Assim, os conceitos de floresta primária ou secundária e até de selva parecem-me importantes para ajudá-los a entender melhor os desafios futuros (preservação de ecossistemas, questões de desmatamento e desenvolvimento etc.).

Na Europa, a selva existe há centenas de anos. Hoje, apenas uma pequena parte sobrevive entre a Polônia e a Bielorrússia, e esquecemos totalmente disso. Para garantir a sobrevivência da Mata Atlântica ela não deve ser esquecida.

Quais foram as suas impressões sobre o Parque Ecológico Imigrantes?

Apreciei particularmente a presença dessa longa passarela que permite observar a copa das árvores e ver a floresta por um novo ângulo. A floresta está recuperando suas características originais e estou convencido de que, com o tempo, a flora e a fauna se reequilibrarão. A organização incomum do parque promete grandes descobertas.

O que você acha do trabalho de educação ambiental com crianças e jovens? 

Eu acho que é fundamental chegar aos mais jovens. Por sua capacidade de admiração, eles são mais receptivos a projetos relacionados à natureza. Através dessa conscientização, a preservação dos ecossistemas se tornará mais instintiva para eles e, talvez, os humanos acabem encontrando um lugar mais sustentável nesses ambientes frágeis. A localização geográfica do parque, perto da megalópole de São Paulo, ajudará as crianças a descobrirem a importância da Mata. Este projeto é cheio de grandes promessas.

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