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Uma calçada histórica na Serra do Mar

Bem próximo ao Parque Ecológico Imigrantes existem caminhos que foram pavimentados há séculos, em meio à Mata Atlântica da Serra do Mar, e que levaram a importantes acontecimentos da história do Brasil. Um deles é a Calçada do Lorena. Um trajeto criado para vencer um desnível de cerca 1000 metros de altitude em meio a um cenário que ainda hoje é fabuloso − coberto por vegetação densa, de árvores com copas altas e largas. Na chegada dos portugueses ao Brasil, a Mata Atlântica cobria cerca de 1 milhão e 290 mil quilômetros quadrados, cerca de 12% do território do país.

O traçado pavimentado por pedras começou a ser construído em 1790 por determinação do  governador da capitania de São Paulo, Bernardo José Maria de Lorena, e foi terminada em 1792. Considerada uma das maiores obras da engenharia do período colonial, a calçada estende-se por 50 km e era responsável por fazer o percurso entre a cidade de Santos e a São Paulo de Piratininga, fundada em 1554.

Construída com pedras retiradas dos rios, a obra teve como responsável o Brigadeiro João da Costa Ferreira, engenheiro da Real Academia Militar de Lisboa. Numa região de mata densa e altos índices pluviométricos, foi um desafio a ser vencido e exigiu de seus construtores a adoção de técnicas ainda inéditas.

A floresta da encosta possui características com diversidade florística, endemismo de espécies, árvores com até 30 metros de altura, corpo florestal denso com copas contíguas. Por onde passa a calçada, o clima é sombreado, abafado e úmido.  O percurso é repleto de samambaias, lianas e epífitas, como bromélias e orquídeas, onde o enraizamento dessa vegetação constitui-se como superficial e subsuperficial intenso e denso.

A Lorena foi a primeira via a possibilitar o trânsito de tropas de mulas que levavam cerca de dois dias para subir até o planalto. Foi por ela que em 1822 o príncipe-regente, D. Pedro, subiu a serra para chegar a São Paulo onde depois de algum tempo faria a Proclamação da Independência.

A história dos conflitos entre jesuítas, portugueses e indígenas nessa região remonta à chegada dos portugueses. Quando Martim Afonso e seu irmão Pero Lopes de Sousa alcançaram a região do Planalto Paulista, em 1532, encontraram o náufrago Antônio Rodrigues, que já vivia entre os índios.

João Ramalho também era outro europeu morador da região onde se fundou a Vila de Santo André da Borda do Campo. Ele conquistou a confiança do cacique Tibiriçá, da aldeia de Piratininga, de etnia guarani, e se casou com suas filhas (Bartira e suas irmãs).

Hoje, os remanescentes da calçada encontram-se preservados e abertos à visitação turística no trecho que se estende do seu início, no planalto, até ao seu terceiro encontro com a Rodovia Caminho do Mar.

Foto: Trilha calçada – Divulgação/Gov.Est.SP

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