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Biólogos falam sobre Educação Ambiental no Parque Ecológico Imigrantes

A forma de se relacionar com a sociedade e a comunidade do entorno escolhida pelo Parque Ecológico Imigrantes (PEI) está sedimentada no pilar da Educação Ambiental. A ideia é que o indivíduo que tenha contato com o local, por menor que seja, sinta e carregue em si, a partir daí, uma semente de conhecimento que germinará em forma de conscientização e reflexão sobre a importância da melhoria da relação homem – meio ambiente. A ideia é construir um legado educacional e de conteúdo sobre os aspectos que permeiam o universo do parque, sejam eles culturais, históricos, geográficos, ambientais, científicos, filosóficos, entre outros.

Para entender um pouco mais sobre como está sendo trilhado esse caminho, entrevistamos o Prof. Dr. Rodrigo M. L. dos Santos, biólogo, professor e diretor da Gaia Educação e Meio Ambiente, uma das empresas parceiras do parque nesse processo. A Gaia é responsável por contribuir com o fortalecimento de ações pedagógicas, elaboração de metodologias e planos de ensino e formatação de eventos e expedições de imersão na Mata Atlântica. Onde coordenam passeios com grupos específicos para uma abordagem sobre os mais diferentes temas da biodiversidade local.

Como se dá o processo de educação ambiental? É possível compará-lo a outros processos educacionais como os do ensino das letras, matemática e ciências, por exemplo?

Assim como em todas as áreas do conhecimento, o processo de educação deve se iniciar pela sensibilização dos educandos para a importância do tema a ser aprendido. Neste contexto, o uso de metodologias ativas aplicadas em espaços não formais de educação auxiliam nesse processo. Assim, o primeiro passo para a educação ambiental é a sensibilização do indivíduo para a importância da natureza como fornecedor de recursos essenciais para a manutenção da vida e que esses recursos são finitos e que devem ser utilizados de forma sustentável.

Espaços não formais, como o PEI, aliados à metodologia ativa, estimulam o processo de aprendizagem uma vez que encontramos em suas matas estímulos sensoriais e curiosidades praticamente ilimitadas.

Como é o processo quando estamos em contato com a natureza, no caso, a Mata Atlântica do PEI? Além das questões de análise entre o teórico e o prático (no campo da Educação Ambiental), existe o aspecto do cognitivo ou perceptivo, ou seja, do impacto particular que cada indivíduo recebe no encontro com a natureza. Como esse aspecto é explorado em programas de aprendizado?

Quando nos deparamos com a beleza e exuberância da mata atlântica, é inevitável que diversas perguntas venham à nossa mente: Como a Mata Atlântica se formou? Como funciona? Quais seres vivos podemos encontrar? Como eles são estudados? Quais as ameaças deste bioma? Como preservá-la?

A partir destas indagações e experiências, a visita transcorre com a troca de conhecimento e vivências científicas práticas que capacitam os visitantes de forma lúdica a atingir estas respostas.

No caso das crianças, como a natureza dialoga com o universo lúdico e o imaginário? Como lidar com o impacto entre as diferentes narrativas criadas pelo homem sobre a natureza e o choque com a realidade natural? Por exemplo mitos, crenças, estereótipos, fábulas etc.

Trabalhar com crianças é muito motivador pois elas naturalmente perguntam! Ou seja: possuem a curiosidade e a flexibilidade natural de aprender conteúdos novos. Por exemplo: existem crianças que esperam encontrar lobos ou leões na mata. No entanto, essa “frustração” pode ser facilmente contornada com a proposta de se descobrir quem vive no PEI e quais são os animais da nossa mata. E assim, a visita toda pode transcorrer a partir desse tema.

Como atrair o olhar da juventude, muitas vezes disperso, sobre a importância da preservação e conservação dos diferentes biomas no Planeta? Como encontrar formas de canalizar a energia dessa faixa etária para o engajamento ambiental?

Não podemos pensar em meio ambiente e sustentabilidade sem considerar os jovens.  Na verdade, os jovens não são desinteressados, em um mundo com tantas distrações, muitas vezes eles não são expostos às causas ambientais e da natureza. Quando estes são expostos a ambientes externos, como parques e florestas, rapidamente se conectam com essas causas.

Estudos mostram que o engajamento dos jovens nas causas ambientais é resultado de um processo de aprendizagem contínuo que incluem a transmissão de valores e condutas por meio do ambiente familiar, escolar e social e pelas experiências vividas, reforçando a importância da educação ambiental e da promoção de vivências ao longo de sua vida escolar que se inicia na educação infantil.

Na abordagem com os adultos, quais são os principais aspectos as serem trabalhados na busca por uma sociedade mais preparada para o diálogo sobre a questão ambiental?

Adultos que visitam o PEI sem um objetivo específico é o grupo de maior desafio para as metodologias ativas, pois geralmente apresentam muito menos questionamentos. O processo de ensino-aprendizagem depende de duas variáveis intrínsecas: alguém disposto a ensinar e outro disposto a aprender. Como uma forma de facilitar esse processo, a Gaia propõe a vivência temática dentro do PEI como forma de orientar estas visitas e proporcionar experiências imersivas a seus visitantes. Temas pré-desenvolvidos como: Observação de aves, Vida das aranhas, Árvores da Mata Atlântica, Sustentabilidade, Ecologia etc. facilitam esse processo.

Nas visitas monitoradas ao PEI são abordadas as questões da implantação e manutenção sustentável do parque, explicações sobre algumas espécies de fauna e flora, aspectos climáticos e ambientais. É possível ampliar esse trabalho e fazer visitas com uma abordagem temática mais aprofundada, com públicos específicos e fazer inter-relações entre meio ambiente e outras áreas da sociedade?

Sim. A Gaia tem como premissa pedagógica nos trabalhos educacionais realizados no PEI o uso de metodologias ativas. Esse método permite o protagonismo dos visitantes na construção da inter-relação entre meio ambiente e sociedade. Por meio de perguntas motivadoras, é possível estimular a reflexão acerca das questões ambientais e sua relação com os problemas socioeconômicos, políticos, culturais e históricos.

Qual a importância de pessoas que vivem e atuam em áreas distantes da temática ambiental conhecer e se relacionarem de forma constante com a natureza?

O contato com a natureza desperta inúmeros sentimentos e curiosidades que permitem as pessoas novos conhecimentos e reflexões tanto sobre suas ações cotidianas quanto com sua própria visão de mundo.

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