Blog Educação Ambiental, Acessibilidade
e Inclusão Social

< Voltar

Aulas teóricas e práticas formam meliponicultores

O projeto Pró-Mel SBC deu início às aulas teóricas e práticas para capacitação e formação de meliponicultores. A configuração das primeiras turmas foi realizada por meio de triagem e entrevistas conduzidas pelo Rotary Club São Bernardo do Campo e o CAMP SBC, com os moradores da região do Bairro Santa Cruz, em São Bernardo do Campo, área que faz parte do entorno do Parque Ecológico Imigrantes. Os próximos encontros estão programados para julho, com uma aula teórica e, em setembro, com a última aula prática para a turma de 2021.

Ministradas pelas professoras do Departamento de Ecologia e Biologia Evolutiva da Unifesp, campus Diadema, Fabiana E. Casarin e Michelle Manfrini Morais Vatimo; e pelas alunas de mestrado, Laís Calpacci Araújo e Patricia Miranda; e apoio dos alunos de iniciação científica, Diego de Jesus e Yuri Diogo; as primeiras aulas ocorreram no anfiteatro da sede do Centro de Integração e Formação Social – CAMP SBC, fundada e administrada por rotarianos do município.

A abordagem teórica destacou temas como a história do relacionamento entre o homem e as abelhas; a diversidade de espécies; as abelhas sem ferrão (melíponas); a importância das abelhas como polinizadoras e como elas levam recursos para a colônia; os meliponicultores e a regulamentação; e a legislação para produtores no Estado de São Paulo.

Eduardo Sene, presidente eleito do Rotary Club de São Bernardo do Campo para a Gestão 2021-2022, foi um dos responsáveis pelas entrevistas junto aos alunos que participaram do projeto. Segundo ele, “é gratificante ver a disposição, empolgação e comprometimento dos interessados que vieram participar das aulas e o desejo de começar a manusear as colmeias”.

Há uma expectativa e um entusiasmo muito grande por parte de todos os envolvidos pela obtenção de resultados, afirma Luiz Antonio Novi, presidente do CAMP SBC. “Todos anseiam que o projeto seja um grande sucesso. A ideia é que a ação seja permanente para que possamos avançar seguindo passo a passo”.

Em ambiente aberto

Respeitando o distanciamento físico e o uso de máscaras, seguindo todos os protocolos sanitários ao combate da Covid-19, a primeira aula prática foi realizada no Parque Ecológico Imigrantes. A turma, com 30 participantes, foi dividida em três ilhas.

Na primeira ilha o tema foi Biodiversidade com abordagem sobre as abelhas eussociais. Para observar com detalhes as características biológicas específicas dessas abelhas, utilizou-se amostras de animais secos, vistos por meio de microscópios com lupa. “Trabalhamos com as espécies melíponas e os trigoniformes (como exemplo, Trigonas, Scaptotrigona, Oxytrigona etc) nativas do Brasil. Além dessa espécie, trouxemos as abelhas esverdeadas e azuladas que são solitárias e importantes polinizadoras”, explica a professora Michelle.

As estruturas dos ninhos naturais e artificiais foram observadas pelos alunos na segunda ilha. “As melíponas e trigoniformes costumam fazer ninhos em ocos de árvores (além de ninhos aéreos, buracos no solo ou ninhos abandonados de formigas e cupins). Por meio de fotos em banners mostramos como são os ninhos na natureza e quais as possibilidades de reproduzi-los fora da mata, com as colmeias”, ressalta a professora Fabiana.

Por meio de colmeias, feitas em caixas com laterais em acrílico transparente, pode se ver três colônias com diferentes tipos de abelhas trigoniformes. Isso possibilitou aos alunos enxergar a estrutura interna, como são construídos os favos, o formato, a disposição no ninho, os potes de alimento e a diferença entre as espécies na alimentação e fabricação do mel.

Curiosidades como as espécies constroem os ninhos como se fosse um prédio de apartamentos, com os espaços uns em cima dos outros chamaram a atenção dos alunos. Aprenderam, também, que podem ocorrer invasões e ataques de formigas, que destroem a colmeia, se colocarem qualquer parte ou componente da caixa no chão.

A captura dos enxames na natureza foi o tema da terceira ilha. As professoras usaram para demonstração o que elas chamam de ninho armadilha ou “caixa isca”. São atrativos colocados em garrafas pet que atraem as espécies para que possam ser levadas para as colônias. Como experiência, elas abriram um ninho de abelhas melíponas para mostrar as estruturas internas.

Nessa etapa, os participantes conheceram os favos de alimentos e experimentaram o mel. Compararam a diferença de sabor, cor e viscosidade que o mel dos meliponíneos tem em relação ao produzido pela espécie de abelha africanizada Apis mellifera mais popular no Brasil.

Além disso, as professoras mostraram a importância da alimentação artificial com xarope em períodos de escassez alimentar (principalmente no inverno), quando e quais são os melhores períodos do ano para efetuar a divisão das colônias foram outros destaques.

 

Consciência e preservação

O curso visa fornecer informações sobre como desenvolver as colônias e rentabilizá-las. Ao mesmo tempo − como as colônias serão geridas em uma área de preservação de Mata Atlântica, no entorno do PEI − é importante que os participantes saibam que preservar as abelhas é uma questão ambiental. De forma global, o papel que as abelhas desempenham na polinização de plantas é essencial para produção de alimentos na agricultura e fundamental para garantir a segurança alimentar humana.

O presidente do Rotary Club São Bernardo do Campo, gestão 2020-2021, Eduardo Moretti, acredita que em pouco tempo as pessoas estarão trabalhando, auferindo renda e contribuindo para o meio ambiente por meio do Pró-Mel SBC. “É perceptível o grau de motivação dos grupos. Elas se mostraram muito animadas, motivadas. Não só pela questão da geração de renda, mas por quererem contribuir com a preservação do meio ambiente”, ressalta o dirigente.

< Voltar