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Ecossistema da Mata Atlântica exerce importante papel para a sociedade

Antes de ser uma crise sanitária, a pandemia de Covid-19 é uma questão biológica, que envolve, entre outros fatores, a forma como o ser humano tem se relacionado com o meio ambiente.

Desde a antiguidade o homem busca conhecer e dominar os fenômenos da natureza. A ideia de viver em harmonia com o planeta abrange fatores como a necessidade de sobrevivência, busca pelo conhecimento e soluções tecnológicas para o bem-estar. Nesse sentido, o ecossistema da Mata Atlântica presente no PEI exerce importante papel para a sociedade. O parque tem entre os preceitos se tornar uma referência na geração de conhecimento científico. A ideia é contribuir na formatação de pesquisas que sejam a base para políticas públicas de saúde, sanitárias e no desenvolvimento de novos medicamentos; além de ações sociais e de preservação e conservação do bioma.

O momento atual da crise causada pela pandemia de Covid-19 mostrou para boa parte da população a importância das Ciências da Natureza, em particular das Ciências Biológicas. Estudos como do Centro Nacional de Informação Biotecnológica (Estados Unidos) mostram que sete em cada dez pandemias modernas têm origem na vida selvagem. Ebola, H1N1 (Gripe Suína), SARS (sigla em Inglês de Síndrome Respiratória Aguda Grave) e outras zoonoses chegaram às pessoas por meio de variações de vírus antes hospedados por animais.

O que se vê nesse momento é uma corrida dos principais laboratórios, universidades, indústrias farmacêuticas, governos e cientistas do mundo todo pelo desenvolvimento de vacinas e medicamentos para tentar conter a doença. Porém, muitos pesquisadores colocam nesse momento uma questão importante: antes de ser uma crise sanitária, a pandemia é um problema biológico, que envolve, entre outros fatores, a forma como o ser humano tem se relacionado com o meio ambiente.

O investimento no conhecimento das potencialidades ambientais, por meio da ciência, pode representar mais saúde e conforto ao ser humano. Esse postulado coloca a preservação da ambiência como imperativo para os dias atuais. Por isso, atrair pesquisadores de todo o país e do exterior e firmar parcerias técnicas estão entre os principais objetivos do PEI. Nos últimos cem anos, talvez esse tenha sido o momento em que o conhecimento desses profissionais tenha sido mais demandado.

Para se ter uma ideia, o Brasil − que é uma das principais reservas de recursos naturais do planeta, com biomas como o da Mata Atlântica e da Amazônia − o que é muito positivo; faz parte, ao mesmo tempo, de um mapa das regiões de grande potencial biológico para originar novas epidemias ou pandemias como essa de Covid-19.

Desmatamento e queimadas, obras de infraestrutura, urbanização, agricultura e pecuária, garimpo e mineração, além do tráfico de animais são os principais fatores de disseminação de doenças que podem se tornar problemáticas para a humanidade. De acordo com Peter Daszak, presidente da EcoHealth – uma aliança de pesquisadores debruçada sobre as conexões entre as saúdes humana, animal e ambiental -, em entrevista ao jornal The New York Times, afirma que “qualquer doença emergente nos últimos 30 ou 40 anos surgiu como resultado da invasão de terras selvagens e do deslocamento de populações humanas”.

Um dos exemplos mais conhecidos para os brasileiros e famoso no mundo todo foi o da contaminação em massa por Malária (doença infecciosa transmitida por mosquitos e causada por protozoários parasitários do gênero Plasmodium), durante a construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré (EFMM), entre 1907 e 1912, que ficou conhecida como ferrovia da morte.

“O pessoal voltou todo flagelado pela peste”, escrevia em editorial O Diário Grão-Pará, de Belém, em 1973. Dos 21.817 homens contratados entre 1907 e 1912 para trabalhar na construção da ferrovia, em meio à floresta amazônica, cerca de 10.000 morreram. A EFMM estende-se por 366 quilômetros na Amazônia, ligando Porto Velho a Guajará-Mirim. A mesma doença levou inúmeros “soldados da borracha”, migrantes levados pelo governo nos anos 1940 para extrair látex na floresta. Ainda hoje, a enfermidade assombra os habitantes da região.

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