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Os parques na reconexão com a natureza

Há tempos boa parte dos seres humanos percebeu que a vida com qualidade se faz próxima da natureza. A convivência ininterrupta com as paisagens urbanas tem contribuído para o surgimento de doenças psíquicas como a ansiedade e o estresse que, por sua vez, geram hipertensão, diabetes, entre outras patologias. Os parques, como o PEI, quebram o contato com o concreto, a poluição e os ruídos urbanos; e são fundamentais no desenvolvimento infantil, na geração de qualidade de vida e no processo de reconexão das culturas urbanas com o meio ambiente. Essa é a conclusão de especialistas que participaram do webinar “Os parques na reconexão com a natureza”, promovido pela Fundação SOS Mata Atlântica.

Para mostrar a importância da manutenção e criação de parques, Luiz Paulo Pinto, biólogo e consultor da Fundação SOS Mata Atlântica para Áreas Protegidas, apresentou o trabalho “Parques Saudáveis, Pessoas Saudáveis”, que discutia o conceito elaborado por ambientalistas no estado de Vitória, no sudeste da Austrália, no final da década de 90. Entre os temas abordados na publicação australiana destacavam-se: “o contato com a natureza pode melhorar a saúde humana”, “as saúde depende de ecossistemas saudáveis” e “as unidades de conservação contribuem para sociedades coesas e saudáveis”. Luiz Paulo reforça que “em boa medida a sociedade está sofrendo de Transtorno de Déficit de Natureza”.

Outro aspecto do tema abordado pelo consultor foi a classificação dos parques como Unidades de Conservação, Municipais, Estaduais, Federais e da iniciativa privada, como é o caso do PEI. Esses territórios também são chamados de Áreas Protegidas − termo mais utilizado fora do país.

O Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (Snuc) é o conjunto de normas e procedimentos oficiais brasileiros que rege esses locais e contempla estações ecológicas, reservas biológicas, monumentos naturais e refúgios de vidas silvestres. O primeiro parque delimitado no mundo data de 148 anos, trata-se do Parque Nacional de Yellowstone (USA) – a primeira área protegida do mundo.

Sobre o uso público dos parques e as oportunidades que a população tem para desfrutar dessas áreas, Anita Correia de Souza Martins, diretora da Divisão de Gestão de Unidades de Conservação da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente da Prefeitura de São Paulo, apresentou um panorama sobre o patrimônio ambiental da cidade de São Paulo, com destaque aos inúmeros problemas que a cidade enfrenta na manutenção e preservação dos parques.

“Desde sempre a cidade luta contra a pressão por ocupações irregulares, adensamento urbano, criminalidade, ameaças, incêndios florestais, tráfico de animais, descarte de resíduos, lixo, distribuição de renda desigual e ação dos animais domésticos que ameaçam a vida dos silvestres”, alertou Martins.

São Paulo possui 36.806 hectares de unidades de conservação. Sendo seis parques municipais, duas áreas de proteção ambiental e um refúgio de vidas silvestres. “Os Parques Varginha e Bororé, na Zona Sul, estão próximos às margens da represa Billings − local que abastece parte da população da cidade. Ao manter a qualidade dos parques, estamos ajudando a conservar a qualidade da água”, completa ela.

“Crianças que vivem em áreas verdes possuem mais interações neurais, cerebrais. Interações do ponto de vista cognitivo são muito importantes para o desenvolvimento humano. Morar perto de um parque reduz em até 30 vezes a possibilidade de infarto agudo do miocárdio”, alerta médico patologista e professor da Universidade de São Paulo (USP) Paulo Saldiva. Segundo ele, a criação de áreas verdes não pode ser considerada somente como política ambiental, precisa ser entendida como uma ação no âmbito das políticas de saúde.

“Um dia, caso o homem crie uma metodologia científica baseada em estudos e essas teses sejam comprovadas, os médicos poderão receitar um banho de parque para o tratamento de doenças”, observa. O contato com as áreas verdes provoca alterações fisiológicas positivas nos marcadores de cortisol, nas citocinas, no funcionamento do sistema nervoso central, na diminuição das inflamações e promove melhoria na cicatrização de enfermidades.

Para valorizar e lutar pela criação de mais áreas verdes é necessário conhecer sobre o tema, entender o papel de um parque e as atribuições desses espaços na prestação de serviços ambientais e sociais. A explicação é complexa, mas a formação dos conglomerados urbanos fez surgir a contradição de um cidadão solitário rodeado por coisas e pessoas.

 

 

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