
“Parentes do café” são fontes para estudos científicos no PEI
O Parque Ecológico Imigrantes (PEI) é um espaço aberto para as práticas científicas ligadas ao conhecimento sobre a biodiversidade e a preservação da Mata Atlântica. Nesse âmbito, foi realizado em parceria com o Instituto de Ciências Ambientais, Químicas e Farmacêuticas da Universidade Federal de São Paulo − Unifesp – Campus Diadema (ICAQF) um estudo de botânica cujo objetivo foi realizar o levantamento das espécies de Rubiáceas (Rubiaceae) – plantas que fazem parte da família do café (Coffea spp.), além de elaborar uma chave dicotômica de identificação e fazer o registro fotográfico das espécies desta família.
Trata-se de um projeto realizado pelas alunas de Bacharelado em Ciências Ambientais, Letícia Kyomi Eguti e Aline Kazuno Hayashi, sob orientação da professora Dra. Carla Poleselli Bruniera, com a colaboração da aluna de doutorado Isabella Capitanio Rossatto, do Instituto de Pesquisas Ambientais da Unifesp.
De acordo com Bruniera, “Rubiaceae possui grande interesse econômico e impacto em estudos ecológicos tropicais por conta da sua abundância, diversidade e presença em todos os estratos vegetais”. Esta família é um importante indicador do status de conservação de florestas. Uma das metas da pesquisa foi o levantamento de quais espécies da família ocorrem no PEI e compará-las com áreas de Mata Atlântica mais próximas, explica a professora.
Como resultado, foram registradas 21 espécies distribuídas em 12 gêneros. O Psychotria foi o mais diverso, com quatro espécies. Uma das mais comuns encontradas foi a Psychotria suterella, conhecida popularmente como cafezinho-roxo-da-mata. A maioria das espécies têm hábito arbóreo (14 spp.) e ocorre no sub-bosque, enquanto as herbáceas (7 spp.) predominam nas áreas de borda do parque, mais abertas e antropizadas.
“O número de espécies encontrado é relativamente baixo em comparação a outros fragmentos da região, como os de Paranapiacaba, por exemplo. Possivelmente, devido à idade mais jovem da mata do PEI, com menor tempo de recuperação. No entanto, “a presença de espécies de desenvolvimento lento, como as do gênero Rudgea, que são altamente sensíveis às perturbações, indica uma ótima preservação da mata do parque”, ressalta Bruniera.
Para os pesquisadores, o PEI é uma área importante para a conservação da biodiversidade local. Ele está na região metropolitana de São Paulo, mas possui grande proximidade com fragmentos da Serra do Mar.
As coletas neste projeto ocorreram seguindo as principais trilhas do parque, além das áreas de borda da mata adjacentes à Rodovia Imigrantes. Todos os materiais coletados foram herborizados e incorporados ao acervo do Herbário da Universidade Federal de São Paulo (HUFSP) e identificados com literatura especializada.
Os próximos passos são a publicação de um artigo científico com os resultados na revista Hoehnea e a produção de um guia de identificação fotográfico para ser usado pelo PEI nas visitas técnicas educativas.
fotos divulgação, Unifesp – Campus Diadema
< Voltar