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Anfíbios da Mata Atlântica

foto Amanda Santiago F. L. Silva

A Mata Atlântica, com a maior diversidade de anfíbios do mundo, ainda tem pouca informação sobre as espécies de sapos, rãs e pererecas tropicais que vivem nesse bioma. No ano passado, um trabalho que envolveu anfíbios “moradores” de bromélias foi desenvolvido no Parque Ecológico Imigrantes (PEI) para mapear a distribuição das espécies e o comportamento da Scinax cf. perpusillus e Dendrophryniscus imitator.

A pesquisa realizada identificou os chamados Bromeligenous, que têm o ciclo de vida associado às águas da chuva acumulada nas bromélias. Esse resultado foi fruto do TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) – da aluna Rafaela dos Santos,  de Ciências Biológicas da Universidade Federal de São Paulo – Unifesp, campus Diadema –, que contou com a coordenação da professora Cinthia Aguirre Brasileiro.

Agora, a notícia publicada pela revista Galileu mostra que um importante estudo realizado por pesquisadores brasileiros foi publicado na revista Integrative Organismal Biology e mostrou que os anfíbios da Mata Atlântica não possuem necessariamente maior amplitude de tolerância a mudanças de temperatura.

foto Paulo Roberto Cortes

O pesquisador Rafael Bovo é o primeiro autor do trabalho  realizado como parte de seu estágio de pós-doutorado no Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo. O projeto científico é assinado por pesquisadores brasileiros que atuam em instituições do Brasil, Estados Unidos e Emirados Árabes.

Segundo os autores, os testes fisiológicos feitos nos anfíbios da Mata Atlântica indicaram que as espécies não necessariamente têm um valor fixo de tolerância térmica. Portanto, diferentes populações podem apresentar maior ou menor tolerância às mudanças no clima.

Os resultados são fruto de experimentos com populações de cinco espécies distribuídas ao longo de gradientes de altitude, que foram do nível do mar até 1.600 metros acima dele, na Mata Atlântica. Os 225 anfíbios foram coletados em diferentes pontos da Serra do Mar e da Serra da Mantiqueira, nos estados de São Paulo e Minas Gerais.

Para cada espécie, foram amostradas de três a cinco populações, considerando a região geográfica onde foram encontrados os animais. Para cada população, foram medidos diferentes parâmetros fisiológicos: taxas de desidratação e reidratação, temperaturas críticas mínima e máxima (o mais frio e o mais quente que o indivíduo consegue suportar sem perder funções básicas).

A tolerância térmica ao frio sempre aumentou com a altitude, ao passo que a tolerância ao calor nem sempre mudou, tanto na Serra do Mar quanto na da Mantiqueira. A altitude explicou até 61% da variação da temperatura crítica mínima das espécies (até 4° C menores em altitudes maiores), sugerindo que as baixas temperaturas características das altitudes levam a maior tolerância fisiológica ao frio.

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