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Banheiro biológico com tecnologia limpa

Já pensou em um banheiro que não representa impacto poluidor a nenhum córrego, rio ou represa e ainda ajuda a fortalecer as regiões de florestas, hortas e plantações em áreas rurais? Trata-se do banheiro biológico que, em breve, será implantado no PEI. O sistema utilizado é o jardim filtrante, onde o processo de tratamento dos efluentes acontece por meio da filtragem exercida por pedras e raízes de plantas aquáticas que simulam ecossistemas naturais pantanosos para diminuir os contaminantes da água.

O novo sanitário ficará localizado no alto do morro, ao lado do outdoor, próximo ao viveiro de mudas e da Trilha Sensorial do parque. “O aparelho vai atender à demanda dos visitantes após o término de alguns passeios pelas trilhas. Aproveitaremos a topografia local para fazer com que o efluente tratado vá para a caixa d’água que faz parte do sistema de circulação da água de captação da chuva. Essa será a mesma água a ser utilizada para o sistema de descarga do banheiro. Ou seja, não utilizaremos água potável. Um sistema totalmente sustentável”, explica Margarete Koga, gerente operacional do PEI.

A inspiração para o projeto, segundo Koga, nasceu em novembro de 2019 quando ela representou o parque em um simpósio sobre Educação Ambiental à convite da Secretaria do Meio Ambiente da cidade de Barueri. Na oportunidade, ela conheceu alguns integrantes da ONG SEAE – Sociedade Ecológica Amigos de Embu, do município de Embu das Artes, onde compartilharam informações sobre o projeto. “Além de preservar o meio ambiente, evitando que esses contaminantes cheguem a rios e lagos sem tratamento, o sistema de jardim filtrante proporciona um efeito paisagístico, explica ela.

As plantas aquáticas (macrófitas) que vivem em área alagadas fazem um efeito de fitorremediação que significa absorver, transformar ou conter determinados poluentes. São as responsáveis por reter as impurezas da água por meio dos microorganismos presentes nas raízes que fazem a decomposição dos poluentes.

Na natureza, os brejos retêm os sedimentos, folhas, frutos e toda matéria orgânica levada pelas águas. Mas ao mesmo tempo que possuem excesso de nutrientes, costumam ter um efeito depurador, devolvendo a água ao equilíbrio.

A construção consiste em fazer 4 escavações, para as 4 etapas do processo em uma área de 8 m². As etapas são a fossa séptica; tanque A (fluxo vertical); tanque B (fluxo horizontal); e sumidouro ou vala de infiltração. No parque serão utilizadas alvenaria e entulho e, para o tratamento dos efluentes, as “taiobas”, uma planta abundante na região e a pedra brita.

A iniciativa do PEI visa ter um impacto educacional. Muitos dos moradores da região, inclusive os colaboradores do parque, vivem em uma área que não possui rede de esgoto. A ideia é que o projeto possa ajudá-los a aplicarem o jardim filtrante em casa. “Mais uma vez estamos buscando atuar como agente multiplicador de um conceito que ajudará o meio ambiente como um todo e a Represa Billings aqui próxima, ressalta Koga.

O problema da falta de saneamento básico no Brasil é crônico. Apenas 23 municípios entre os 100 maiores do país tratam mais de 80% das águas residuais. Vinte e dois milhões de pessoas não têm acesso à água de boa qualidade. Rios, lagos e lençóis subterrâneos são capazes de atender essa necessidade, desde que a própria população não os esgote ou os contamine. Inúmeros malefícios à saúde humana são provocados por fezes, urina e outros dejetos que podem ser encontrados na água. Cerca de 75% das internações hospitalares no Brasil estão relacionadas à falta de saneamento básico.

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