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Em busca do Sapo Cururu

Um grupo de alunos de mestrado e de iniciação científica da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Campus Diadema – instituição que mantém parceria com o Parque Ecológico Imigrantes (PEI) para o desenvolvimento de pesquisas científicas – realizou três incursões noturnas no parque, no começo de julho, para a coleta de indivíduos da espécie de sapo do gênero Rhinella ornata, conhecido popularmente como Sapo Cururu. A ação foi uma das etapas do projeto e mestrado do aluno Luis Fernando Montes Benítez, no Programa de Pós-graduação em Ecologia e Evolução da Universidade Federal.

Davi Costa, monitor técnico do PEI, recebeu o grupo durante as três noites e deu suporte aos estudantes como guia pela mata, para mostrar os pontos mais propícios onde há a presença de anfíbios. A ação foi acompanhada por mais dois estudantes, Laura Rodrigues Bezerra, aluna de iniciação científica do curso de Ciências Biológicas; e Rodrigo Jardim Castello, aluno de mestrado.

Intitulado como “Variação intra e interespecífica na detecção de água de anfíbios anuros: um estudo no gênero Rhinella (família Bufonidae)” o trabalho de pesquisa de Benítez está investigando a capacidade desses animais em encontrar fontes de água. Além de testar em laboratório com que velocidade, entre outras variáveis, as espécies de sapo Rhinella criam as condições necessária para encontrar as fontes hídricas.

O aluno de mestrado é orientado pelo Professor Carlos Navas, da Universidade de São Paulo (USP) e é coorientado pelo professor da Unifesp, José Eduardo de Carvalho, do Departamento de Ecologia e Biologia Evolutiva do Instituto de Ciências Ambientais, Químicas e Farmacêuticas. Carvalho explica que no PEI ocorrem algumas espécies do gênero Rhinella, mas uma em específico para eles é a mais importante, a Rhinella ornata, da família Bufonidae, pois esses sapos só ocorrem em regiões como a Mata Atlântica.

Essa espécie é importante, pois o estudo tem como hipótese a de que sapos Rhinella, que vivem em regiões de mata onde há mais facilidade de encontrar água, desenvolveram ao longo da evolução da espécie menos habilidades para encontrar o recurso. Diferente dos indivíduos que vivem em regiões desérticas ou intermediárias, como a caatinga e o cerrado. Segundo a tese, esses animais que vivem em locais mais secos precisaram desenvolver características específicas que facilitariam a busca pelo recurso hídrico. Uma questão de sobrevivência em ambientes inóspitos.

“O pano de fundo da pesquisa está em gerar modelos de previsão como se acontecer algum impacto no ambiente, deturpação, ação antrópica, devastação ou se aumentar os eventos extremos − como este que estamos presenciando agora, com um pico de seca – podemos, a partir dessas informações, gerar conhecimento para entender qual será o impacto sobre a biodiversidade”, alerta Carvalho.

Ele ainda afirma que “essas espécies que possuem mais dificuldade em encontrar água serão as primeiras a sofrer os impactos e terão um risco maior de serem extintas”. Nesse contexto, o professor avalia que a parceria entre o PEI e a Unifesp é crucial. “Enxergamos o parque como um laboratório da Mata Atlântica onde temos fácil acesso aos recursos naturais e podemos desempenhar o trabalho de pesquisa com segurança e o suporte de toda a infraestrutura que o local oferece”, finaliza ele.

 

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